A Organização Mundial da Saúde (OMS) firmou nesta quarta-feira um acordo com a farmacêutica brasileira EMS, para a doação do antibiótico necessário para o combate à bouba, a azitromicina, parte do projeto para erradicar a doença até 2020.
O anúncio foi realizado hoje (19/04), durante a reunião de parceiros globais organizada pela OMS, em sua sede, em Genebra, na Suíça.
Considerada rara, a bouba é uma doença característica de regiões tropicais, que afeta principalmente crianças, e é provocada pela infecção de um tipo de bactéria, que causa verrugas e inflamações na pele, ossos e cartilagens. A transmissão da doença se dá pelo contato com as feridas.
Tratamento
Há alguns anos, o tratamento para a bouba era feito por meio de injeções de penicilina benzatina. Em 2012, pesquisadores descobriram que uma única dose oral de azitromicina, outro antibiótico, era extremamente eficaz, o que possibilitaria, pela facilidade de cura, a erradicação da doença.
Esse medicamento oral, além de não exigir muitos profissionais de saúde para manipulação e aplicação, é ideal para ser distribuído e administrado em grandes populações.
“O anúncio é uma boa notícia para as pessoas, principalmente para as crianças que sofrem de bouba e que podem ser completamente curadas com um único tratamento”, disse Dirk Engels, diretor do Departamento de Controle de Doenças Tropicais Negligenciadas da OMS. “Com esta doação, queremos envolver e incentivar os países onde a transmissão ainda está ocorrendo para erradicar esta doença.”
Onde há bouba no mundo
A doença é considerada endêmica em 13 países de África, Ásia, América Latina e Pacífico, nos quais foram registrados 461 mil casos, 70% deles em crianças, entre 2008 e 2015.
O objetivo de erradicar a bouba está firmado na OMS desde 1950, quando a Organização liderou um esforço mundial de tratamento com injeções de penicilina. Mais de 50 milhões de pessoas foram tratadas. Em 1964, restavam 2,5 milhões de infectados no planeta.
A Índia foi o primeiro país certificado pela OMS como livre da bouba. No Brasil, há muitos anos não surgem casos relatados da doença.
Estratégias
A estratégia da OMS é mapear as comunidades em que a doença está presente, tratar em massa seus habitantes e orientar aqueles que ainda têm a doença e pessoas próximas. A permanente vigilância também é importante para detectar casos desconhecidos.
Caso haja sucesso, a bouba será a segunda doença mundialmente erradicada da história, depois da varíola, e a primeira com o uso de antibióticos.
“A erradicação da bouba é um enorme desafio que abraçamos com muita determinação. Esperamos que este seja o começo de muitas outras colaborações com a OMS no combate às doenças negligenciadas, contribuindo para atingir os objetivos de desenvolvimento sustentável”, comentou Carlos Sanchez, presidente do Conselho de Administração do Grupo NC, ligado à empresa fornecedora.
Deixe uma resposta